a carta Mar traz imagens da superfície das águas salgadas sobrepostas abaixo da sombra de uma silhueta feminina que brilha em um reflexo é um convite e, ao mesmo tempo, um espelho do mergulho profundo que vem com a maternidade, das águas desconhecidas e, as vezes, turvas e frias que será preciso enfrentar o céu sobre nossas cabeças já não é mais uma certeza alguns raios de sol invadem o mar e quase que aplaudem nossa coragem de afundar (de repente nos damos em conta que sempre haverá um lugar para emergir) diante dessa imensidão e silêncio confuso, ouvimos nossa própria respiração, sentimos nosso peito transbordando medo; somos invadidas pelo amor e por tantas angústias a travessia é única e solitária, mas não estamos mais sozinhas as vezes é preciso subir para respirar (não se assuste quando lá chegar, já não somos mais como éramos) eufóricas, ofegantes, mesmo sem ar respiramos nosso corpo, transformado e cansado, não desiste a força pulsa e o coração transborda estamos dispostas a mergulhar quantas vezes mais for preciso temos coragem, mesmo que estejamos à deriva somos âncora e boias salva-vidas buscamos nossas raízes aceitamos as cicatrizes da jornada construímos nossas redes, tecemos com nossas dores, conquistas, afetos e desejos a barca para fazer a travessia desse MAR de ser MÃE